quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O TEMPO

Já não sei, não conto os anos
Foram tantos desenganos
Que deixei de contar
Já nem sequer conto os dias
Frutos de noites tardias
Feitas de espera e sonhos
Já não conto as horas
Desde que me fiz homem
Do meu tempo pequenino
Castrei meus sonhos de menino
Tão tenros de mocidade
Por uma felicidade
Que nunca vi na viagem
Que só fiz de passagem...
Nessa vida caminhante
Conto de hoje em diante
Sorrisos de pessoas
Tardes vividas à toa
Jogos em vez de mimos
Brincadeiras em jardins
Beijos, afagos, lembranças
Melhores momentos da infância
Conto sim a minha história
Trechos rasos de memória
Marcas fincadas no rosto
Com pó de desgosto
Cheiro de suor e da terra
Tantas batalhas e guerras
Tantas que não venci
Muitas das quais em que morri...
E contarei com certeza
Da vida toda a beleza
Lugares por onde andei
Mas dias, anos e meses
Feitos de tantos revezes
Eu não mais os contarei...

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